terça-feira, 22 de setembro de 2009

Lançamento do livreto


Este livreto contém humor sarcástico relatado em seis contos divertidos que dão saída ao delírio das paixões, beirando simultaneamente o tragicômico.

O livreto será vendido na banca de revista de Carlos, próximo à Praça da Bandeira - Moreno-PE
e com o autor. O preço é R$ 3,00

Contacts: Email: Leonardoleu@hotmail.com / tel.:(81) 8879.4131

quarta-feira, 4 de julho de 2007

A ida de Zé Mandacaru ao shoping

Eu moro em Mandacaru
Lá pras banda do sertão
Aqui apesar da seca
Se percebe evolução
Hoje em noite de lua
Ninguém mais fica na rua
Só quer ver televisão

No começo eu resisti
Mas tive que adaptar
Demorou pra mais de mês
Pra poder me acostumar
Hoje assisto a novela
E percebo que sem ela
Não iria agüentar

Na telinha tem de tudo
Não é só novela não
Os desenhos pras crianças
Garante animação
Se a noite vem chegando
Eu já vou me aprontando
Pra saber a informação

Outro dia distraído
A tv eu assistia
Fiquei tão maravilhado
Com aquilo que eu via
Era um tal de shopin cente
Um lugar cheio de gente
Em perfeita harmonia

Fui dormir naquela noite
Sem conseguir esquecer
Toda aquela felicidade
Que eu vi lá na tv
Com o lugar eu sonhei
Se é igual eu não sei
Tenho que ir conhecer

-Mulher tu te acorda
Escute o que eu vou te falar
Te arruma bem depressa
Que nós vamos passear
Vamos dar um carrerão
Pra não perder a condução
Eu não quero me atrasar

Vesti minha roupa de festa
Pra poder impressionar
A mulher ficou bonita
Ela sabe caprichar
Desse jeito não receio
Nós não pode fazer feio
Todo mundo vai gostar

Nunca mais eu tinha visto
Minha véia tão bonita
Tirou do guarda-roupa
O belo vestido de chita
Botou fivela no cabelo
Se olhando no espelho
Parecia uma artista

Até chegar ao Recife
A viagem demorou
Chegando, subi no ônibus
E pedi ao cobrador:
-Por favor ajude a gente
A chegar no shopin cente
Agradeço ao senhor

Quando chegou na parada
Ele disse:-pode saltar
Comecei logo a tremer
Não podia acreditar
Deu um frio na barriga
Dessa vez não foi lombriga
Nem vontade de obrar

Chegando logo na entrada
Não acreditei no que via
Grande a quantidade de carro
Que pra mim nem existia
Se fosse pra eu contar
Eu não ia agüentar
Gastaria uns vinte dia

Quando cheguei na porta
Pensei que fosse assombração
Ela se abriu sozinha
E não foi porteiro não
A mulher parou em pé
Olhou pra mim e disse:-Zé
Eu aí não entro não

Deixe logo de besteira
Você não observou
Enquanto tu só reclama
Meio mundo já entrou
Agora se quiser ficar
Eu não vou te acompanhar
Dá licença que eu já vou

Quase não acreditei
Em tudo aquilo que eu via
Lugar lindo como esse
Eu não vejo todo dia
Minha máquina eu peguei
E o flash eu liguei
Pra bater fotografia

A mulher entrou mais eu
Eu não tinha reparado
Quando eu dei por fé
Ela tava do meu lado
Ela falou:-marido
Eu to de queixo caído
Que lugar mais arretado

Passada a euforia
Comecei prestar atenção
Lugar iluminado como esse
Eu não tinha visto não
Minha cabeça ficou tonta
Só porque pensei na conta
É pra mais de um milhão

O dono deve ser rico
Ele não liga pra nada
O dia ainda tá claro
E a luz já tá ligada
Se eu fosse o patrão
Não permitia isso não
Tava tudo apagada

Grande susto eu levei
Quando subi na escada
Ele te sobe sozinha
Não precisa fazer nada
O ruim mesmo é sair
Só porque me distrai
Eu levei uma topada

Depois de tanto andar
A fome começou a bater
Restaurante tem de sobra
O difícil é escolher
Tanto faz qual o recheio
O que importa é prato cheio
O que eu quero é comer

Na hora que veio a conta
Grande foi minha surpresa
Eu dei um pulo para trás
Quase que quebrei a mesa
A comida foi gostosa
Porém muito valiosa
Disso eu tive a certeza

O dinheiro que era pouco
Quase acabou ali
E a comida nem foi muita
Agüentava repetir
Entreguei todo dinheiro
Praquele garçom fuleiro
Ainda tive que sorrir

Confesso que ao sair dali
Tava meio atordoado
Pra ganhar aquele dinheiro
Muito eu tinha suado
Na hora que entreguei
Quase que eu desmaiei
Fiquei muito agoniado

Minha mulher me avisou
Isso não posso negar
Sou caboclo do sertão
Esse não é meu lugar
Eu agora vou embora
Já chegou a minha hora
Nunca mais quero voltar

“Os senhor da capitá
Me adescupe a expressão”
Mas prefiro Toritama
E não tem pareia não
Mesmo com pouco dinheiro
Faço compra o dia inteiro
Ainda encho o caminhão

quinta-feira, 7 de junho de 2007

A chegada de Luiz Gonzaga no reino do céu

A chegada de Luiz Gonzaga no reino do céu

Tudo em volta é só tristeza
Pois morreu o Gonzagão
Esta figura ilustre
O famoso rei do baião
Partiu dessa pra melhor
Foi pro céu tocar forró
Bateu asas do sertão

O sertão que é tão triste
Na voz dele se alegrava
Quando pegava a sanfona
O povo todo se animava
Quando puxava o fole
Os nego ficava mole
A noite toda dançava

A caboclada se apertava
Numa sala de reboco
Balançando o esqueleto
Parecendo tudo louco
Dançava com euforia
Via amanhecer o dia
E ainda achava pouco

Por isso entendo o motivo
Que esse povo todo chora
Chora homem e menino
Até mesmo as senhora
É que o cabra era bom
E outro com o mesmo dom
Aparece mas demora

Vocês não imaginam
Isso que eu vou lhes contar
Vi Seu Lua chegar no céu
Juro eu estava lá
O cabra chegou cedo
E foi dizendo a São Pedro:
-Abra pro mode eu entrá

São Pedro lhe respondeu:
-Eu estava lhe esperando
Mas vamos devagar
Não é como estás pensando
Hoje chegou o seu dia
Mas aqui tem diretoria
Não é chegar e ir entrando

-Tenha calma Seu Gonzaga
Espere só um pouquinho
É que eu tenho que olhar
No sagrado pergaminho
Isso é ordem do Senhor
Nosso amado criador
Eu já volto rapidinho

-Se você amou ao próximo
De todo seu coração
O seu nome está escrito
No livro da salvação
Porém se não foi assim
A coisa fica ruim
Aqui tu não entras não

E Gonzaga no seu canto
Nem um pouco se abalou:
-Eu sempre fui temente
A Jesus meu Salvador
Eu rezava todo dia
Pra minha Virgem Maria
Pode olhar faça o favor

São Pedro lia e relia
Com toda sua atenção
E Gonzaga então mudava
Já batendo a aflição
A ansiedade era tanta
Que tava seca a garganta
De tanta preocupação

São Pedro voltou sem graça
E falou pra Gonzagão:
-Tenha calma cavalheiro
Seu nome não tá aqui não
Gonzaga disse:-É impossível
Será uma coisa terrível
Se eu perder a Salvação

-Olhe de novo São Pedro
Acho que o senhor se engana
O meu nome é Luiz Gonzaga
Filho de Januário e Santana
Olhe com mais atenção
Eu não tenho pressa não
Espero mais uma semana

Gonzaga desesperou
Chorando feito criança
Então São Pedro falou:
-Filho tenha esperança
Espere só um minutinho
Que eu já volto rapidinho
Quem espera sempre alcança

Pedro volta com outro santo
Pra acabar com o rebuliço
Esta figura serena
É o famoso padre Ciço
Gonzaga se ajoelhou
E a mão dele beijou:
-Por favor resolva isso

-Gonzaga foi meu devoto
Isso eu posso confirmar
Vou fazer o que eu puder
Tudo para lhe ajudar
Olhe eu não demoro não
Vou lá na repartição
Com meu chefe eu vou falar

Não demora Ciço volta
Chega meio encabulado
-Não sei como começar
Perdoe-me filho amado
Acontece todo dia
Culpa da burocracia
Ainda não foste julgado

O portão então se abre
Gonzaga logo adentrou
Foi escoltado por anjos
À presença do Senhor
Parecia uma miragem
Era linda aquela imagem
De Jesus, o Salvador

Ele então se abestalhou
Com tudo que viu ali
O grande júri se formou
Pro seu destino decidir
Tudo vai se resolver
Não tem pra onde correr
Vais chorar ou vais sorrir

A advogada de defesa
Era a Virgem Imaculada
Esta santa protetora
Uma mulher abençoada
Que usando sua voz
Sempre intercede por nós
Nesta hora esperada

No lado da acusação
Estava Satanás, o belzebu
Bicho feio e fedorento
Parecendo um cururu
Fica o tempo todo olhando
Com paciência esperando
Igualzinho um urubu

O capeta não demora
Já foi logo provocando:
-Não adianta Gonzaga
O inferno tá te esperando
Você sabe que eu sou ruim
Vou levar você pra mim
Venha logo, vamos andando

Quanto mais o cão falava
Mais Luiz Gonzaga tremia
Nessa hora se lembrou
Rezou uma Ave Maria:
-Mãe interceda por mim
Não pode ser esse o meu fim
Não era isso que eu queria

-Esse Gonzaga era um enganador
Por isso tem que ser meu
Será que o senhor não lembra
Das coisas que ele escreveu
Vou lhe refrescar a memória
Lembra-se daquela estória
“Um pra eu, um pra tu, outra pra eu”

-O senhor como um bom Juiz
Não defenda esse jumento
Que agora depois de morto
Só sabe chorar lamento
Agora não mais apronta
Antes exagerava na conta
Um tal de dezessete e setecento

-Que mentira que lorota boa
Hoje finge que esqueceu
Cabra véio mentiroso
Mentiu tanto quanto eu
Agora vem cheio de pranto
Mas nunca que foi santo
Dessa vez tu já perdeu

-Controle-se cidadão
Vamos andando devagar
Esta casa é divina
Você tem que respeitar
Você falou, eu escutei
Agora chegou a vez
Da defesa começar

-Meu filho, Gonzaga foi
Uma criança com problema
Ele era nordestino
Esse era seu dilema
Ele fazia sem querer
Era pra sobreviver
Foi um fruto do sistema

-Também não pode esquecer
Seu momento de oração
Ele já cantou pra mim
Padre Cícero e Damião
Fez a missa do vaqueiro
E pra todo brasileiro
Ele é recordação

-Não ouça o que o diabo diz
A ele não dê ouvido
Gonzaga é um bom homem
E já está arrependido
Deixe Satanás na espera
Enquanto o céu prospera
O inferno está falido

-Homem você não tá vendo
Ela quer mandar em você
Ele é um pecador
Agora quer se arrepender
Deixe dele eu tomar posse
Vai ver o que é bom pra tosse
No inferno vai arder

-Gonzaga está absolvido
Não tem mais o que falar
Volte já para o inferno
Porque lá é seu lugar
Aproveite e tome um banho
Pois fedor desse tamanho
Não tá dando pra agüentar

-Gonzaga fique a vontade
Você não é mais réu
Tome aqui sua sanfona
Seu gibão e seu chapéu
Deixe a munheca mole
Puxe logo esse fole
Hoje tem forró no céu

terça-feira, 1 de maio de 2007

O dia em que jesus Cristo não quis subir ao céu

Aqui na minha cidade
Isso virou tradição
Todo povo se reúne
Bem na sexta da paixão
Todo mundo se apronta
E na rua se encontra
Para ver a encenação

O elenco do espetáculo
É o povo da cidade
Muita gente é escolhida
Gente de toda idade
Todos querem encenar
Para poder se tornar
Uma grande celebridade

Meses antes do espetáculo
Já começam ensaiar
Reparando nos detalhes
Pra na hora não falhar
Eles de nada esquece
Que olhando até parece
Que um Oscar vão ganhar

Esse ano o Jesus
Foi José de dona Glória
Ele é inteligente
É formado em história
Filho de seu Manoel
Que é dono de um bordel
Lá pras bandas de Vitória

A Maria Imaculada
Foi Judite tagarela
Ela é dessas mulher
Que só vive na janela
Fala mal de todo mundo
Tenho pena de Raimundo
Porque ele casou com ela

Carminha da locadora
Foi Maria Madalena
Ela é bem talentosa
É assim desde pequena
Ela só vive pensando
O tempo todo sonhando
Ser estrela de cinema

E ainda participa
Luiz, Pedro, e João
André, Lucas e Tiago
Guilhermina e Salomão
Carol, Tita e Lucinha
Zeca, Duda e Zefinha
Todos na figuração

Construíram o cenário
Ficou uma perfeição
Não tinha muito dinheiro
Mas tinha imaginação
E o Lula que é pedreiro
Junto com Mané doceiro
Fizeram a construção

Conseguiram o figurino
Através de doação
Juntaram um mói de pano
Entregaram a Damião
É que ele é estilista
Já fez roupa pra artista
De rádio e televisão

Até mesmo o grande público
Capricha no visual
Compra roupa e sapato
Para ficar bem legal
Os lojista satisfeito
Movimento desse jeito
Só se vê pelo Natal

As mulher vão pro salão
Fica tudo bem lotado
Fazem unha e sobrancelha
Capricham no penteado
Aquelas que são solteira
Vê isso como uma maneira
De arranjar um namorado

Os homem também capricha
Corre tudo pro barbeiro
Dá retoque no bigode
E aparo no cabelo
Todos quer ficar bonito
Seja pobre ou seja rico
Não importa o dinheiro

É chegado o grande dia
E aumenta a animação
Todo mundo vai pra praça
Desliga a televisão
Ninguém liga para ela
Esquece até a novela
Tão no clima da Paixão

Lá na praça tem de tudo
Que você possa querer
A maçã que é do amor
Brinquedo pra nós correr
Tem até cachorro quente
Que enche o bucho da gente
Só tu indo pra tu ver

Tem as bolas coloridas
Pros meninos animar
Tem até roda gigante
Pra nós poder namorar
Tem roleta e bozó
E um bando de bocó
Que só pensa em jogar

De repente a correria
Era chegada a hora
Corre homem e menino
Até mesmo as senhora
Pra poder se aconchegar
E pegar um bom lugar
Ninguém quer ficar de fora

Começou o espetáculo
Todo mundo concentrado
Fica tudinho em pé
Não dá pra ficar sentado
Uma cena é aqui
A outra cena é ali
E ninguém fica parado

Tava tudo um sucesso
Como tinha combinado
Pra onde você olhasse
Tinha nego emocionado
Outro cara mais afoito
Quase puxa um trinta e oito
E matava um soldado

Mas ele só fez aquilo
Porque tava comovido
“Eu conheço a história
Mesmo assim eu não consigo
É que é muita malvadeza
Vendo isso tenho certeza
Eu teria era fugido”

O fato mais curioso
Ainda tava por vir
Foi na cena mais bonita
Hora do Cristo subir
Se viessem me contar
Eu não ia acreditar
Acredito porque vi

Na hora dele subir
Começou logo a gritar
Pedindo para descer
Mandando o povo parar
O povo não entendia
O motivo da agonia
E passou a reclamar

Logo o povo descobriu
O motivo do fiasco
A corda que lhe subia
Tava lhe apertando o saco
Quanto mais ela apertava
Bem mais alto ele gritava
Já tava ficando fraco

Acabou-se o espetáculo
Voltou tudo ao normal
As mulher vê a novela
E os homem vê jornal
E todos vão esperando
Com certeza tão pensando
Como será o Natal

quarta-feira, 11 de abril de 2007

sábado, 7 de abril de 2007

O grande baile

Todo mundo tem na vida
Uma estória pra contar
Algumas a gente esquece
Outras não quer nem lembrar
Eu tenho pra mais de cem
Não escondo de ninguém
Zombe quem quiser zombar


Essa que eu vou contar
Foi num tempo bem passado
Apesar de muito tempo
Eu ainda tou lembrado
Era eu um rapazinho
Bem metido a boyzinho
Desses muito invocado


Na minha cidadezinha
Um baile ia acontecer
Eu já tava animado
Essa eu não vou perder
Ia dar muita gatinha
Uma tinha que ser minha
Eu não quero nem saber


Fui falar com minha mãe:
Compre uma roupa pra mim
È que a minha ta sambada
Eu posso ir assim
Ela disse que não dava
Não tinha dinheiro em casa
E que as coisas tava ruim


Me lembrei que tenho um primo
Ele é da minha idade
Foi simbora a tristeza
Voltou a felicidade
Ele mora a vinte légua
Mas eu vou na minha égua
Antes que já fique tarde


A família do meu primo
Eles tem muito dinheiro
A mãe dele é doutora
O seu pai é um banqueiro
Moram em um casarão
Uma bela duma mansão
Tem pra mais de dez banheiro


Contei para o meu primo
Tudo o que acontecia
Mandou que eu ficasse calmo
Porque ele resolvia
Foi no quarto procurar
Custou muito pra voltar
Veio ele e minha tia


Existia um detalhe
Que eu não tinha reparado
O meu primo é bem nutrido
Veve bem alimentado
Porém, eu sou um magrelo
Um tremendo matusquelo
Dos zoião amarelado


Aquela roupa bonita
Ficou folgada bem em mim
Lhe disse não ter problema
Levo ela mesmo assim
Ponho um cinto apertado
Deixo tudo amarrado
E o problema vai ter fim


Problema solucionado
Agora falta mais um
É que eu não tenho dinheiro
Isso é fato bem comum
Não adianta pedir
Nem tão pouco insistir
Minha mãe não tem nenhum


Peguei um carro de mão
Fui correndo pro mercado
Sei que carregando compra
Eu arrumo um trocado
Trabalhei o dia inteiro
Consegui um bom dinheiro
De noite tava bombado


Pelejei atrás dum cinto
Acabei por desistir
Mas eu vou pra esse baile
Nada pode me impedir
Passo a noite disfarçando
E a calça segurando
Para ela não cair



É chegado o grande dia
Eu já tava agoniado
Tomei um banho comprido
Fiquei todo perfumado
Feito filho de barbeiro
Ou gente que tem dinheiro
Senador ou deputado


Meus amigo se espantaram
Quando eles viram eu
Foram logo perguntando
O que foi que aconteceu
Se ganhei na loteria
Ou herança duma tia
De parente que morreu


Comecei a me amostrar
Pois vi que tavam gostando
Parecia um desfile
Mas as calça segurando
Se eu solto ela cai
Com certeza a turma vai
Vai ficar de mim zombando


O salão tava lotado
Mulherada era bóia
A banda tocava muito
O repertório era jóia
E a calça não soltava
Tempo todo eu tentava
Esconder minha jibóia


Pra comprar o rum e a coca
Nós fizemos uma cotinha
Pra comer de tira gosto
Nós pediu uma sardinha
Da calça não esquecia
Era minha companhia
Não deixava ela sozinha


Nessa hora eu percebi
Tinha uma gata me olhando
Eu também olhei pra ela
E ela tava gostando
Nem sequer pestanejei
Logo me aproximei
Fui logo me encostando


Meia hora e eu já tava
Apaixonado pela bela
Conheci muita mulher
Mas nenhuma feito ela
Pedi pra lhe namorar
Mas já penso em casar
Com essa linda donzela


Ela é uma morena
Do cabelo bem tratado
Sua pele é macia
O seu bafo é perfumado
Por onde ela passava
O povo todo olhava
Com certeza admirado


Foi ai que ela chamou
Pra uma parte nós dançar
Eu disse que não sabia
E ela quis me ensinar
Olha, até que eu queria
Porém o que não podia
Era a calça eu soltar


Lhe chamei pro escurinho
Para a gente conversar
Mas conversa eu não queria
Eu queria era beijar
Ela até titubiou
Mas depois ela aceitou
Fomos os dois a caminhar


No escuro nós chegamos
Ela nem me esperou
Foi logo me agarrando
Em seguida me beijou
Por essa não esperei
Mas confesso que gostei
Ela já me conquistou


De tudo eu esqueci
E então lhe abracei
Paguei um preço tão caro
Só porque me empolguei
Pra poder lhe dar um abraço
Levantei logo os dois braço
E a calça eu soltei


A menina deu um grito
Que me deixou assustado
Ela pediu por socorro
Me chamando de tarado
Pedi para se acalmar
Que parasse de gritar
Para eu não ser linchado


Muito que eu lhe pedi
Só que não adiantava
Todo mundo escutou
Multidão já se formava
Minha calça eu puxei
Tanto que eu me esforcei
Mas ela não levantava


Não deu para controlar
A multidão enfurecida
Me deram uma grande piza
Quase tiram minha vida
Quanto mais eu resistia
Mais o povo me batia
Eita noite mais sofrida!!!


Aquela linda garota
Faz parte do meu passado
Mas a fama que ficou
Não me deixa sossegado
Quando eu tou passeando
Escuto o povo gritando
Cuidado, olha o tarado!!!